quinta-feira, junho 29

Harry Potter faz 20 anos sem ser o favorito dos britânicos

Harry Potter faz 20 anos nesta segunda-feira. Em 26 de junho de 1997, seu primeiro romance, Harry Potter e a Pedra Filosofal, revelou ao Reino Unido — e depois ao mundo — um menino-mago de óculos e com uma cicatriz em forma de raio que se instalou no imaginário coletivo de uma geração de jovens. Mas, atualmente, não é o favorito dos britânicos. Hermione Granger é a personagem preferida do universo mágico criado por J.K. Rowling, segundo um levantamento realizado pela empresa de pesquisa de mercado YouGov em razão do aniversário da saga fantástica. Cerca de 27% dos 1.064 adultos entrevistados — todos se definiram como “fãs dos livros e filmes” — preferem a amiga do mago, seguida pelo diretor da escola de magia Hogwarts, Albus Dumbledore (25%) e somente depois o próprio Potter (25%).

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Hermione Granger
A pesquisa também revela que, embora a maioria dos britânicos (57%) preferisse pertencer à Grifinória — a casa de Hogwarts da qual Potter faz parte —, o Reino Unido é uma nação de Lufa-Lufas. Os 54% dos 2.077 adultos britânicos consultados (metade dos quais declaram ser fãs da série) escolheram os valores associados a esta casa nos livros: trabalho duro, paciência, justiça e lealdade. No entanto, a Lufa-Lufa tem no universo mágico a reputação de ser uma opção “patética”, que se reflete na parcela de apenas 16% que a escolheram como favorita. A Sonserina, linhagem à qual pertence o malvado Voldemort, acolheria apenas 5% dos britânicos, que optaram pela “ambição, astúcia, liderança e criatividade” como valores fundamentais.

Os entrevistados também opinaram que Daniel Radcliffe, que interpretou o menino-mago nos oito filmes da série, pertence claramente à Grifinória (59%), enquanto Donald Trump teria construído sua carreira na magia negra da Sonserina (69%).

A Bloosmbury, a editora que apostou em Harry Potter e a Pedra Filosofal, queria comemorar o aniversário enchendo de magos as ruas de Bolton (Inglaterra): a casa de livros convocou, na última sexta-feira, em colaboração com escolas e livrarias locais, a maior assembleia de pessoas disfarçadas de menino-mago até o momento (676), batendo o recorde Guinness atingido em Horsham, West Sussex, em 2015. Mais de 20 livrarias no Reino Unido também preparam jogos e concursos de perguntas e respostas sobre o Harry Potter, e a British Library planeja para o fim do ano uma exposição dedicada inteiramente ao menino aprendiz de mago criado por J.K. Rowling.

Em 26 de junho de 1997, menos de um mês depois de Tony Blair e seu Novo Trabalhismo terem ganhado as eleições britânicas, e após oito editoras terem rejeitado o livro, a Bloomsbury publicou o primeiro volume da série de livros mais vendida da história — foi, desde o início, um fenômeno vendas —, com 450 milhões de cópias vendidas em todo o mundo e traduzidos em mais de 70 idiomas. Se Potter é “o menino que sobreviveu” — título do primeiro capítulo do romance —, J.K. Rowling é a escritora que sobreviveu (graças a ele): nascida em 1965, no sudoeste da Inglaterra, antes de ganhar fama era uma mãe divorciada que precisava de assistência social para se manter. Vinte anos depois, no entanto, é a escritora com a maior receita no mundo, segundo a revista Forbes.

“Simplesmente foi amor à primeira vista. Havia trabalhado com Roald Dahl em seus dias de glória, então suponho que os capítulos iniciais me fizeram lembrar um pouco dele ”, disse Barry Cunningham, editor original de Rowling na Bloomsbury, em entrevista ao The Daily Telegraph. Ainda assim, o editor não estava convencido do sucesso do romance, que saiu com uma primeira tiragem de 1.000 exemplares e um contrato de 1.500 libras (cerca de 6.300 reais) para Rowling, aconselhando a escritora a procurar um trabalho e que escrevesse em seu tempo livre. “Não poderia estar mais orgulhoso do legado de Harry Potter: não só tornou a leitura interessante novamente, mas também mostrou que as famílias podem desfrutar de grandes histórias juntas.”

O sucesso inicial em terras britânicas levou ao seu desembarque nos Estados Unidos, onde foi publicado em 1998 com um título diferente (Harry Potter e a Pedra do Feiticeiro), porque a editora tinha receio de que os leitores americanos não entendessem a palavra “filosofal", relacionada com a alquimia. O romance foi publicado no Brasil em 1o de janeiro de 2000.

A produtora de cinema Warner Bros estreou em 2001, com enorme sucesso nas bilheterias, a adaptação da série que, com um total de oito filmes, também se tornou a franquia de filmes mais bem-sucedida do cinema, superando James Bond e Star Wars. Daniel Radcliffe liderou um elenco principalmente de atores britânicos, como havia exigido Rowling. Além disso, entre 2010 e 2016, foram inaugurados três parques temáticos dedicados exclusivamente ao universo de Harry Potter, dois nos EUA (Orlando e Hollywood) e um no Japão (Osaka).
Um romance vitoriano em um universo fantástico

Os críticos destacaram a mistura de gêneros, que remete à tradição de romances vitorianos e eduardianos sobre a vida em internatos britânicos, combinada com um universo fantástico, como a chave para o sucesso da série. “Assim que você começa a lê-la, entra em um mundo mágico, um mundo onde poderia ser especial, um mundo de coisas inteligentes, com a ideia de que tudo isso poderia ser verdade”, disse à France Press Martin Richardson, professor da Universidade de Durham, acrescentando que Potter será lido dentro de “20, 30, 40 ou 60 anos”, porque “começou a fazer parte do DNA da nação”.

Embora a série de romances tenha sido encerrada em 2007, a franquia renasceu no ano passado com uma obra de teatro, Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, e um filme baseado no mesmo universo, Animais Fantásticos e Onde Habitam, que conta a origem de um livro didático usado pelos estudantes de Hogwarts.

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