domingo, julho 10

Bom já nasce feito

Um sebo é como um decantador do livro. Quantas glórias passam pelas mãos do livreiro! Valem bem pouco em livro como valeram em vida. Parecem mesmo confirmar o dito de que toda glória é fugaz. 

Aquele, que foi sucesso fabricado pelos editores, abusou de um tempo de glória ligeira de alguns dias na lista dos dez mais. Agora vive seu ostracismo. Se for lembrado, algum dia, pode deixar vaga na prateleira. Mas é certo que voltará.

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Os editores aplicam dinheiro na divulgação, conquistam espaços em suplementos dos jornais, podem até mesmo ser presenteados com a citação de um artista ou, quem sabe, aparecer numa novela de televisão na mão da atriz do momento. O merchandising produz milagres. Mas são temporários. Lembra muito mais um espetáculo de ilusionismo. E o livro segue para o sebo – alguns títulos vão em cambulhada. Se escapar da banca de saldos, que é onde o livreiro tem retorno rápido, a maioria vai mesmo para o papeleiro.

Não acontece isso com os que hoje são clássicos. Pode parecer saudosismo ou leitura de velho. Acontece que cada vez mais se empulha o leitor com cada porcaria de se lastimar. As obras que sobrevivem vão ser venda certa em qualquer época. Garantem fama com os anos; são procuradas em qualquer edição. Não vendem como best-seller, mas saem regularmente da prateleira para o leitor.

É uma outra lição que o convívio com a livralhada vai ensinando. Não adianta se fabricar sucesso. São necessários os anos para decantar o livro. É com o tempo que se confirma o escrito. Se valem hoje é que eram bons também ontem. O tempo é que não era para eles. Mas como o vinho, os velhos autores são os mais saboreados, e têm um gosto! Talvez até pode se citar o ditado: “O que é bom já nasce feito” .

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