terça-feira, maio 31

Proibida no Brasil, biografia é vendida em 'saldão' em Lisboa

Em meio a livros para colorir, de autoajuda, vampiros, dietas e infantis variados, uma pilha de volumes sobressai no nicho de ofertas do estande da editora Leya na 86ª Feira do Livro de Lisboa. São exemplares de “Roberto Carlos em detalhes”, do historiador Paulo Cesar de Araújo, a biografia polêmica do cantor que teve a vendagem proibida no Brasil em 2007, depois de um imbróglio judicial envolvendo Roberto Carlos e a editora Planeta.

Pela pechincha de € 4,90, o fã de Roberto Carlos que estiver passeando pelo principal evento literário de Portugal pode comprar o seu exemplar tranquilamente. Se quisesse fazer o mesmo no Brasil, teria de recorrer a algum sebo que ainda tenha algum volume (onde os preços podem chegar a R$ 800) ou a cópias digitais reduzidas e malfeitas.


A edição à venda em Lisboa é exatamente a mesma que foi objeto do quiproquó editorial que acabou sendo contado também em detalhes por Paulo Cesar de Araújo no livro “O réu e o Rei: minha história com Roberto Carlos” (Companhia das Letras), lançado em 2015 e indicado ao Prêmio Jabuti na categoria reportagem no mesmo ano. Portanto, a mesma que contém os detalhes que Roberto Carlos não gostou de ver esmiuçados sem a sua autorização, relacionados a episódios de sua vida íntima.

No estande, ninguém sabia explicar por que a Leya vendia, em saldão, um livro de editora concorrente — a Planeta. Tampouco sabiam dizer se os exemplares vinham do estoque de cerca de 10 mil livros que foram recolhidos à época do entrave, numa possível manobra de escoamento internacional.

Mais tarde, a empresa explicou-se, por meio do assessor de imprensa, José Menezes, dizendo que quando o livro foi proibido, em dezembro de 2006, parte da edição já havia sido enviada para distribuição em Portugal, que seria feita pela editora Dom Quixote, à época pertencente à Planeta. Com a venda da Dom Quixote à Leya, anos depois, todo o antigo estoque da editora passou à nova casa. E, no meio dele, havia exemplares e mais exemplares da história do Rei.

— Aqui não está proibido. Portanto, podemos, por contrato, vender à vontade. Quem sabe os leitores brasileiros interessados não peçam a algum amigo português para comprar um exemplar? — brincou Menezes.

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