sexta-feira, novembro 6

Relatório oficial: 'altamente provável' que Neruda foi assassinado

Matilde, mulher de Neruda, vela o corpo do poeta. Foto: Evandro Teixeira 
Um documento oficial do Ministério do Interior do Governo do Chile reconhece pela primeira vez que é bem possível que Pablo Neruda tenha sido assassinado. Segundo o documento, ao qual EL PAÍS teve acesso, o poeta e Prêmio Nobel de Literatura de 1971 não morreu “em consequência do câncer de próstata de que padecia”, mas é “claramente possível e altamente provável a intervenção de terceiros”. Neruda morreu em 23 de setembro de 1973, um domingo, às 10 e meia da noite na Clínica Santa María, de Santiago, no Chile. Nesse dia, segundo “está comprovado no processo”, diz o documento oficial, aplicaram-lhe uma injeção ou o fizeram ingerir algo que teria precipitado a sua morte, seis horas e meia depois. Tudo isso, poucas horas antes de o Nobel partir em um avião rumo ao México, onde, como diz o texto do ministério, possivelmente iria liderar um Governo no exílio para denunciar a atuação do general Augusto Pinochet, que havia dado o golpe de Estado em 11 de setembro.

Essas são as principais conclusões do documento que o Programa de Direitos Humanos do Ministério do Interior do Chile enviou ao magistrado Mario Carroza Espinosa, encarregado da investigação da morte de Pablo Neruda (1904-1973). O documento, com data de 25 de março de 2015, integra a parte confidencial do processo número 1.038-2011. Trata-se da principal revelação incluída na nova biografia de Neruda, escrita pelo historiador alicantino Mario Amorós e intitulada Neruda. El Príncipe de los Poetas. O livro será publicado pelas Ediciones B na próxima quarta-feira na Espanha e no dia 23 no Chile.

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