terça-feira, junho 16

De Walter Benjamin para as crianças

Walter Benjamin foi, sem dúvida, um sujeito de muitas facetas. O pensador judeu-alemão contribuiu para a construção de uma teoria crítica acerca da modernidade e foi um dos inspiradores da Escola de Frankfurt, sem se associar diretamente a ela. Traduziu Baudelaire e Proust para o alemão, e escreveu livros de filosofia e sociologia, que são até hoje referência no campo dos estudos culturais, como o ensaio "A Obra de Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica" (1936). Acabou por suicidar-se em 1940 em uma pequena cidade da Catalunha aos 48 anos.

Entre 1927 e 1932, escreveu uma série de textos para emissoras de rádio em Berlim e Frankfurt, e gravou com sua voz, a maioria deles. Apesar de não se orgulhar muito do trabalho, que diz ter feito apenas devido a dificuldades financeiras, Benjamin ajudou a consolidar o rádio três anos após seu surgimento na Alemanha. No livro "Walter Benjamin: o marxismo da melancolia" (1989), o filósofo Leandro Konder aponta que o autor procurava explorar os novos meios de comunicação em massa como uma ferramenta política para popularizar o saber.

Nenhum áudio foi conservado dessa época, mas Benjamin guardou alguns dos escritos em sua casa em Paris, os quais viriam a ser confiscados pela Gestapo e enviados à Rússia em 1945. Depois de retornarem à Alemanha, foram publicados em 1985 sob o título Aufklärung für Kinder, algo como "esclarecimento para crianças", em tradução livre.

No Brasil, o livro foi intitulado "A Hora das Crianças - Narrativas Radiofônicas", da Nau Editora, em referência ao nome do programa de rádio na Alemanha: Jugendstunde.

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