terça-feira, janeiro 6

Livro, leitura e cidadania

Houve um tempo em que o livro era um objeto quase sacralizado, acessível apenas a uns poucos eleitos e a um punhado de eruditos. Houve também um tempo em que os livros eram meros objetos do prazer, do entretenimento e de puro diletantismo, acessível, então, a um grupo ainda seleto de pessoas, em especial aquelas que circulam mais facilmente pela dita alta cultura. E há um tempo, o presente, em que a leitura já é vista e encarada como algo capaz de mudar a vida das pessoas e da sociedade.

Cada vez mais, a leitura ocupa lugar de destaque na sociedade moderna que está profundamente vinculado à necessidade permanente de transformação e crescimento do indivíduo. Como uma atividade de educação continuada que acompanha e persegue o homem moderno e globalizado durante toda sua existência, dos oito aos 80 anos – com variações deliciosas abaixo e acima dessa faixa, dado às novas expectativas de vida e à antecipação do período de alfabetização das crianças.

Sendo assim, além de contribuir decisivamente para a formação do ser humano – sedimentando valores e desenvolvendo sua inteligência e capacidade ininterrupta de aprender –, tem a leitura fundamental importância nos dias atuais. Porque é ela a via de acesso ao mundo moderno e ao exercício pleno dos direitos elementares da cidadania.

Ferramenta transformadora

Ao perceber como se dá o funcionamento da sociedade, ao descobrir o que é capaz de gerar em termos de conhecimento próprio e de apreender a partir de elaborações feitas por outras pessoas, o ser humano-leitor também se dá conta de que tem suas próprias possibilidades. E que é preciso colocá-las e vivenciá-las com seus iguais na comunidade em que vive e no mundo ao seu redor. É o livro, é a leitura essa chave de acesso a esse admirável mundo novo.

No Brasil dos dias atuais, cada vez mais a leitura é essa espécie de senha para que os que têm acesso a ela consigam galgar outras posições na vida. Seja na forma de trabalhos e salários que possibilitem seu acesso às maravilhas da nova sociedade, seja para seu crescimento pessoal. De qualquer maneira, o conhecimento e a expansão da sua capacidade de gerar ideias e novos conhecimentos para fazer girar a roda da vida em sociedade, sob sua perspectiva, têm e terão, cada vez, importância estratégica para se construir um outro país. Mais justo, mais soberano, mais desenvolvido.

Os governos, de sua parte, têm se empenhado, independentemente das cores partidárias e de suas convicções ideológicas. Ninguém, afinal, é contra o livro e sua capacidade extraordinariamente transformadora. Mas não basta “não ser contra” o livro. É preciso ser a favor e atuar para que o livro e a leitura sejam políticas de estado, e não apenas projetos temporários de governos.

Galeno Amorim (Reproduzido d’O TREM Itabirano nº 111, novembro 2014)

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