quarta-feira, novembro 5

Olvidado vivo


Fui e continuo sendo um leitor de biblioteca
    pública. Ler um livro emprestado, que
    terá que ser devolvido em breve, sempre
   me causou comoção. Ele nunca estará em
   minha estante, comprovando nosso
   envolvimento. Será amor de meretriz.
Outros irão possuí-lo bem melhor do que eu
   e nele ficarão apenas as marcas da minha
  ignorância.
Este livro público que agora leio me revela
   que todos os livros são emprestados.
Logo temos que devolvê-los ao
   esquecimento. 
Miguel Sanches Neto

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