quinta-feira, novembro 13

Faltam bibliotecas interativas


 “As bibliotecas estão atrasadas e se perdendo no tradicionalismo porque não são constituídas como um espaço onde todos podem se expressar”, analisa Edmir Perrotti, professor da Universidade de São Paulo (USP) e curador do programa Quem Lê, Sabe Por Quê, da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Perrotti, que também já foi conselheiro do Ministério da Educação para a política de formação de leitores é o idealizador das redes de leitura em escolas brasileiras na década de 80. Ele coloca a rede de bibliotecas interativas do Centro Educacional da Fundação Salvador Arena como referência de interatividade no país. “Quinze anos depois da implantação das primeiras redes no Brasil, poucas seguem o conceito de interatividade da forma correta e, em uma situação ainda mais grave, boa parte das escolas ainda não tem nem mesmo as bibliotecas tradicionais”, completa.

 Segundo dados do Censo Escolar, 65% das unidades de ensino, públicas e privadas, estão sem bibliotecas no Brasil. Os números mostram que pouca coisa mudou desde 2010, quando entrou em vigor a lei 12.244, que obriga todos os gestores a providenciar, até 2020, espaços estruturados de leitura em seus colégios. Na época em que a lei foi sancionada, só 33,1% das escolas tinham bibliotecas. Até o fim do ano passado eram apenas 35%. “As que existem, dentro ou fora das instituições de ensino, estão fora do contexto e mais inibem do que provocam o leitor”, completa Perrotti.

 As bibliotecas interativas começaram a ser implantadas no país no final da década de 90, depois de uma pesquisa do Departamento de Biblioteconomia da Escola de Comunicações e Artes da USP, que descobriu a necessidade de novos programas de distribuição de livros e meios de incentivo à leitura mais eficazes. O projeto, desde então, beneficiou escolas de São Paulo, São Bernardo do Campo e Diadema, no Grande ABC, além do município de Jaguariúna, no interior do estado de São Paulo. A rede de bibliotecas interativas do Centro Educacional da Fundação Salvador Arena foi uma das primeiras a serem implantadas no Brasil, em 1999.

A aprendizagem começou a ser estimulada pela presença de suportes tecnológicos, como computador e televisão. Hoje o local é visto como referência “Um dos principais desafios das bibliotecas é acompanhar o desenvolvimento tecnológico da informação. Hoje, é preciso repensar determinadas questões urgentemente. A maioria das bibliotecas que temos não estão prontas para a diversidade digital, escrita e visual”, conclui Perrotti.

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