quinta-feira, outubro 30

Resgate para o futuro

Ilustração de capa

Pode parecer bobagem tamanha preocupação, a minha, com o destino trágico dessas bibliotecas. A verdade, porém, é que morto o proprietário, a viúva, ou os filhos, ou os herdeiros se desfazem desses depósitos de cultura acumulada e incalculável de um forma leviana, às vezes criminosa.

Há gente que pensa que meu lamento se dá porque simplesmente a biblioteca perdida ou destruída significa menos dinheiro no meu bolso. Errado. Só quem lida com livros usados pode avaliar a emoção ao resgatar uma biblioteca, símbolo concreto não de uma vida – a do dono, mas de várias. Se pode, a partir daí, passar livros antes condenados ao esquecimento ou à extinção para as mãos salvadoras de bibliófilos que saberão conservá-los e remetê-los às gerações seguintes. O futuro do mundo agradece.

Manoel dos Santos Martins, o Martins Livreiro, em “Memórias novas e usadas”

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