sábado, agosto 23

Um livro, um filme

Ratos e homens

Algumas milhas ao sul de Soledad, o rio Salinas desce bem junto do flanco da colina e corre profundo e verde. A água é também morna, porque antes de chegar ao estreito poço ela desliza cintilando ao sol por sobre as areias amarelas.  De um lado do rio as douradas encostas da colina sobem numa curva até as montanhas Gabilan, fortes e rochosas, mas do lado do vale a água está orlada de árvores: salgueiros frescos e verdes a cada Primavera, cujas folhas inferiores retêm nas suas intersecções o cisco das enchentes de inverno;  sicômoros de folhas e galhos dum branco mosqueado que se alongam e arqueiam sobre a água parada. Na margem arenosa, sob as árvores, as folhas formam um tapete tão espesso e seco que a fuga dum lagarto por entre elas provoca longa crepitação. Ao anoitecer os coelhos saem do mato e vêm sentar-se na areia, e os baixios úmidos se cobrem das pegadas noturnas dos coatis, dos cães das fazendas e dos vestígios das patas bipartidas dos cervos que chegam para beber no escuro.



Nova versão, de 1992, o filme tem direção 
de Gary Sinise, estrelado por John Malkovich 

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