sexta-feira, agosto 29

Assim começa o livro...

Corpo Vivo 

Encontrarão o ninho, é o que pensa. Nas costas, oculta pela mata, ficara a serra. A terra devia ter se contorcido, fervendo em lama, pedras e levas em atrito, para fazê-la o aleijão medonho. Erguendo-se da chapada, montanha que sobre em desaprumo, florestas e rochedos se abraçam nas quedas dos despenhadeiros. Furacão doido e bruto que rodava a torcera, como se fosse um pano molhado, e malhas são as nuvens que a rodeiam. O vento, detido pelas encostas do outro lado, não passa. Imagem nos olhos, enquanto anda, João Caio sabe que ali o homem e a mulher encontrarão o ninho. Tudo, em seus olhos, se aloja. A serra demora a apagar-se, subsistindo aos pedaços,  as florestas como crinas escuras. Em uma caverna ou em uma choça, agora livre como as feras, Cajango, poderá dizer à mulher que uma vida ficou embaixo. É possível que tenha atravessado a chapada abrindo caminho no capinzal. Esperava-o a serra, tromba de mil voltas na arrancada para o céu. As pálpebras não descem, Bem-Bem atrás, o bando na frente. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário