quinta-feira, junho 26

Querido Sherlock...

Interior e fachada do número 212B de Baker Street em Londres
Todos os dias chegam cartas no número 221B de Baker Street de seguidores que pedem conselhos e fazem perguntas sobre a enigmática vida do detetive.     
    As cartas continuam chegando pontualmente no número 221B de Baker Street. Perto de 700 todos os anos, dirigidas a Sherlock Holmes e pedindo uma resposta urgente. Perguntam sobre as mulheres em sua vida, pela intrincada relação entre o amor e o crime ou pela intrigante amizade com seu querido Watson. Querem saber como se envolveu com a cocaína, que marca de tabaco usa em seu cachimbo e se é verdade que uma vez feriu sua governanta, Mrs. Hudson, enquanto limpava o revólver. Pedem que resolva de uma vez por todas o caso de Jack O Estripador, que socorra um cachorrão aparentado com o dos Baskerville, ou que resolva o misterioso caso do triângulo das Bermudas, e que acabe de vez com a corrida armamentista.
     Sua secretária insiste em que o senhor Holmes se afastou há tempos do trabalho e que desfruta da aposentadoria em Sussex, mas os leitores implacáveis das quatro novelas e dos 56 relatos que completam o “cânone holmesiano” (publicados entre os anos de 1887 e 1926) querem saber de tudo...
 "Querido Sherlock Holmes, estou interessado em saber se além do 221B de Baker Street há um 221A, e se assim for se há algum apartamento vazio. Estou pensando em ficar temporariamente em Londres e não posso pensar em melhor endereço. Muito cordialmente, John Rutherford"
    O número 221B de Baker Street só existia na imaginação de Arthur Conan Doyle. O oftalmologista escocês já havia posto ali seu herói, antes de sua transferência para Londres, quando ocupava um consultório médico em que não entrava ninguém. Para Conan Doyle, as aventuras de Sherlock Holmes foram uma maneira de combater o tédio enquanto perseguia a glória literária com novelões históricos que ninguém lia. No final, sua lembrança está ligada a esse endereço fictício no bairro de Marylebone, repleto de consultórios vazios como o seu. Baker Street terminava então no número 100, e assim foi até 1932 (dois anos depois da morte do escritor) quando a rua se estendeu até Regents Park e atingiu o número fatídico.
     A Abbey National Building Society ocupou o imóvel situado entre os números 219 e 229. Assim se resolveu finalmente o dilema em que se encontravam os carteiros, que não sabiam onde entregar as cartas dirigidas ao 221B. A avalanche do correio era tal que a Abbey National decidiu liberar sucessivamente seus empregados na qualidade de secretários de Sherlock Holmes para atender a correspondência. A última a desempenhar o papel foi Sue Brown, que ajudou a recopilar “Cartas a Sherlock Holmes, um clássico da editora Penguin desde a primeira edição em 1985.

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