terça-feira, abril 22

Perdemos o hábito de leitura?

Se lê mais, mas de outra maneira e outro tipo de textos; agora mais intensamente é preciso que alguém ordene, oriente, destaque o que se lê, como o editor e o crítico literário. Essas seriam duas das mais importantes conclusões da primeira mesa redonda da I Bienal de Novela Mario Vargas Llosa, que se realizou recentemente em Lima, no Peru.
Segundo Winston Manrique e Jacqueline Fowks, de Papeles Perdidos, houve uma perda da capacidade de concentração para se ler textos mais extensos e de complexidade. A mesa redonda “O rumo da leitura no mundo atual” definiu que o editor orienta o panorama, decide o que publicar e ajuda a corrigir e/ou melhorar o livro, enquanto o “bom crítico literário” deve dar elementos de juízo ao leitor sobre a obra, ajudar melhor o leitor a compreender o texto. A questão é que isso é incompatível com a liberdade do que se publica tradicionalmente na rede de internet. “Se lê mais, mas a maioria dos textos são banalidades e as redes sociais vivem das simplificações”, diz Fernando Ampuero.
Pouco antes da abertura o próprio Vargas Llosa falou sobre o tema: “A literatura pode parecer uma atividade puramente prazenteira, uma espécie de anestesia do espírito que se afastada do mundo do real, mas essa operação tem consequências enormes e valiosas na vida real, sobretudo para as sociedades que não querem ficar estagnadas e cair no conformismo, manter-se vivas, críticas, renovadoras, criativas”.
Para Carlos Granes, da Cátedra Mario Vargas Llosa, “o rumo é a leitura, conseguir que sigamos entusiasmados com os livros”.
“Lemos com a mesma velocidade da época de Aristóteles, 400 palavras por minuto, assim é que por mais livros eletrônicos que saiam não somos autômatos e temos nosso próprio ritmo. O hábito de leitura se foi. Em 20 anos a leitura de livros será um culto. O problema é nossa inaptidão para nos concentrar”, disse Sergio Vilela, diretor editorial da Planeta para a região andina.

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