domingo, maio 5

Fecha-se uma livraria

Quando se fecha uma livraria se dá mais uma facada na cultura, se agiliza o processo de enquadramento como nos regimes de força que determinam as leituras do cidadão. Quando se fecha uma livraria não se fecha meramente um ponto comercial, do qual o Estado se serve à exaustão com suas taxas. Quando isso acontece, ainda mais em município mequetrefe como Maricá, é um alerta e um protesto.

O fechamento abre o sinal vermelho para a economia em decadência de uma administração desastrada. Em vez de estimular o crescimento, gerar empregos, promover ações conjuntas com o comércio, os governantes preferem usar verbas em ações de voto fácil. O gesto também é um protesto contra o péssimo tratamento da cultura, e ainda da educação, gerida por incapazes que se vangloriam de uma falsa intelectualidade, que tocam de ouvido.

Um único exemplo basta para desclassificar essa administração. Em quatro anos não conseguiu promover um grande evento em relação ao livro ou colocar nas ruas e praças um projeto relacionado ao setor livreiro. Foram até capazes de incentivar barraqueiro de outro município (Belfort Roxo) a se instalar por um mês em espaços públicos em detrimento dos comerciantes legalizados da cidade. Um desprezo completo a quem aqui paga impostos que não mereceu um protesto sequer, além do que registramos.

Talvez se contentem os imbecilóides com a atitude, mas devem aprender de vez que, quando se fecha uma livraria, se mata um sonho, se destrói um local de prazer intelectual, um centro de debates, um pólo de resistência cultural, uma praça dedicada à amizade, de certa forma um local de benesse leitora. As portas fechadas ao livre comércio do livro é uma condenação à confraria de amigos, órfãos leitores de todas as idades, de todos os credos, de todos níveis sociais. Também se fica mais doente, pois aqueles que sofrem não têm mais onde encontrar aqueles livros que precisam, a preços populares bem mais acessíveis do que em remédios nas farmácias. Enfim, uma livraria fechada deixa a cidadania mais doente. Só serve para se alastrar a mediocracia, que muitos ainda confundem com democracia.

A livraria Canto do Livro registra aqui sua revolta, seu repúdio, pois nunca foi conivente ou complacente com atitudes menores que levam ao fundo do poço o município e, por conseqüência, a Cultura e a Educação. O silêncio fica adequado aos que consentem, cúmplices de mais um atentado à melhoria do cidadão.

Em 9 anos, a livraria não enriqueceu um centavo a mais e, no entanto, ficou riquíssima (e ainda é) em prestar os serviços a que se propôs como polo de conhecimento e cultura. Incentivou estudantes através de premiações, criou tablóide sobre leitura com recursos próprios, doou quase 20 mil livros para formação de bibliotecas e clubes de leitura, mesmo para fora do município.

Agiu sempre sem esmolar junto aos governos e não seria agora, saindo de cena comercial, que se comportaria como a malandragem em silêncio e com o rabo entre as pernas. Combateu o bom combate de favorecer a cultura e ainda de quebra recebeu o tesouro de conquistar muitos amigos e leitores, o que nenhum ladrão pode roubar nem o tempo apagar. Enfim foi e se comporta ainda como um pólo de resistência ciente de que o maior crime contra a cidadania é silenciar.

PS: Às manifestações de apreço e aos leitores desconsolados com o fechamento, informamos que a livraria agora definitivamente é uma estrela. Está entre as nuvens do espaço cibernético com a mesma dedicação ao livro, que sempre foi sua raiz criadora quando surgiu como extensão do jornal Leitores&Livros.
(A loja no Centro fechou as portas no dia 17 de abril) 

2 comentários:

  1. Num ‘jogo de cartas marcadas’, a Secretaria Municipal de Assistência Social e Participação Popular de Maricá promoveu um Processo Seletivo Simplificado para contratação por tempo determinado para Assistentes Sociais e Psicólogos. Como já era previsto, segundo ‘voz corrente’ entre os inscritos, somente os candidatos que foram demitidos e eram remanescentes do último processo foram selecionados para reintegrar os quadros oferecidos pela Secretaria. A relação nominal dos candidatos aprovados deixa clara a intenção da Secretaria de reconduzir seus ‘apadrinhados’ aos cargos disponíveis. Dos 30 primeiros Assistentes Sociais aprovados e convocados 20 são ex-contratados e os outros 10 têm de uma forma ou de outra ‘afinidades’ com membros do governo de Maricá. Do 31º ao 40º colocado, número limite de convocações explicitas no edital, todos também têm alguma ligação com a cidade. A partir do 41º até o 134º, em sua grande maioria, só consta candidatos de outros municípios, chamados de ‘estrangeiros’.

    Outro dado alarmante é a coincidente sequência de aprovados em relação à numeração da inscrição. O número de inscrição de cada candidato foi atribuído por ordem de chegada ao local indicado. Pois bem, estranhamente algumas sequências de aprovados deixam margem à especulação em relação à lisura do processo seletivo. Candidatos com números de inscrição: 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10; 55, 56, 57 e 58; 105, 106, 108 e 109 estão entre os 30 primeiros convocados, numa clara evidência de que essas pessoas estavam em grupo. Sendo no mínimo conhecidas, mesmo porque trabalhavam juntas até bem pouco tempo como contratadas na Secretaria Municipal de Assistência Social e Participação Popular. Isso deixa claro de que esses candidatos aprovados marcaram, entre si, dia e horário para efetuarem suas inscrições em conjunto.

    Tal atitude da Secretaria Municipal de Assistência Social e Participação Popular de Maricá denota total falta de respeito com os candidatos que vieram dos mais distantes lugares, tanto para fazerem as inscrições quanto para a redação. Os candidatos, iludidos, perdem tempo e dinheiro quando na realidade estava tudo combinado e já se sabia quem seriam os aprovados no fatídico processo seletivo. Inclusive no dia da redação, 28/04, o comentário entre os candidatos era de que somente os inscritos que haviam sido demitidos anteriormente por término de contrato é que seriam aprovados. Após a aplicação da redação, já do lado de fora do C.E.M. Joana Benedicta Rangel, ouviu-se relatos de que os servidores da Secretaria que monitoravam os candidatos trataram os mesmos com desdém e ‘piadinhas’ em ‘tom’ irônico. Curiosamente alguns candidatos, em várias salas, entregaram a folha de redação com apenas 20 minutos do seu início enquanto outros demoraram até 3 horas para terminá-la.

    Se a intenção da Secretaria era realocar os ‘apadrinhados’ deveria apenas readmiti-los, e não usar de má fé gerando uma falsa expectativa nos incautos candidatos. Cabe agora ao Ministério Público averiguar essas denúncias solicitando à Prefeitura de Maricá explicações materiais sobre a probidade na execução do Processo Seletivo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Prezado signatário da matéria... O que mais esperar desse sub-governo municipal, submisso a um sub-governo estadual que por sua vez também é submisso a um governo federal sub-treco de um sub-troço chamado PT?
      Cultura prá quê? Prá quem? O povo ignorante é a maior força aliada e esse governo a quem somos submetidos...

      Excluir