sexta-feira, julho 15

Limpando o pó da memória

Em meio ao pó, estantes e mais estantes entulhadas de livros, o livreiro também é um pouco arqueólogo. Fuça aqui e ali, folheia uma obra e outra, vai passando tempo e conhecendo muitas e boas histórias. Às vezes, até faz lá suas descobertas históricas. E que surpresas encontra! Assim aconteceu sobre Modesto Dias de Abreu e Silva. Escritor, teatrólogo, filólogo e jornalista, Modesto de Abreu foi um dos fundadores da Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro (ACLERJ), da Academia Brasileira de Jornalismo (ABJ) e da Academia Brasileira de Filologia. Em sua bibliografia se destacam ensaios como “Machado de Assis: O homem e a obra”, “Biógrafos e críticos de Machado de Assis” e “Infância e Adolescência de Machado de Assis”.
Apesar do currículo e das obras, continua a ser um desconhecido na própria cidade em que nasceu a 1 de junho de 1901. Não mereceu, portanto, ser patrono de nenhuma cadeira na Academia do município, nem muito menos ser nome de rua, de praça, de escola. Seus 110 anos de nascimento passaram em branco como em branco está a memória local sobre esse “filho de pescador e comerciante e de uma habilidosa senhora no conserto de redes e de fiação do tucum” que nasceu no início do século passado “numa casa de taipa, coberta de sapê, situada num canto de praia conhecido como praia de São Bento”. Morreu, cego, aos 95 anos, no dia 2 de julho de 1996, no Rio, bem longe da “parte extrema e meridional da praia maior que se conhece até hoje pelo nome de Itaipuaçu” (Maricá).

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