sábado, abril 23

Livro nosso de todo dia



O livro, entre as criações humanas, reina como a mais digna do homem e é sua companheira do início ao fim da vida. Fidelidade até nos últimos momentos. É ele, o Livro dos Livros que nos dá o "descanse em paz".
Não é só um fiel guardião do que o homem pensa, também é um bom ouvinte. Tem até orelhas. Quantos não conversam com ele? Discutimos com o autor, reclamamos da edição, nos queixamos de ser tão caro.
Livro é o único amigo de cabeceira. Companheiro inseparável é nele que pensamos quando nos perguntam que amigo levaríamos para uma ilha deserta.
Nosso nascimento está lá registrado no livro. Quando criança é nele que vamos ver as figuras, folhear página a página das histórias, que um dia leremos. Depois vamos descobrindo ainda mais seus encantos.
Companheiro de qualquer hora, até cabe no bolso - livro de bolso. São inúmeros durante nossa vida: Livro da Sabedoria; livro das crônicas; Livro de Horas; livro de ponto; Livro do Tombo; livro de registro; livro comercial. E quantos mais? Aqueles que amealhamos a cada época, por um sentimento, por uma necessidade. Na maior das vezes, pelo prazer da leitura. Os que nos são presenteados.
A nossa vida pode ser contada pelos livros que abrigamos em casa, mesmo em uma pequena estante com a maior amizade. O bibliófilo francês Jules Janin definiu o que pode ser o epitáfio do leitor:"Muitos homens não deixaram outra oração fúnebre senão o catálogo de sua biblioteca".
Vai a carne, mas fica a alma do leitor espalhada em pedaços, presenteada a amigos ou entregue aos sebistas. Vão seus livros recompor outras vidas, descobrir novos companheiros.


(Texto publicado há anos no tablóide Leitores&Livros, que não mais circula)

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